Le Monde – Paris

O capitão Reserva do Exército não escolheu aleatoriamente Rio de Janeiro para lançar oficialmente no domingo 22 de julho sua candidatura  presidencial pelo Partido Social Liberal. A fortaleza de Jair Bolsonaro, o candidato de extrema-direita, simboliza os males do Brasil – violência e corrupção – pilares de sua plataforma de campanha.

“O que precisamos? De um homem ou uma mulher honesta, com Deus no coração e que é patriota “, ele exclamou na frente de uma multidão lotada de cerca de 3.000 pessoas, incluindo um forro do presidente dos EUA, Donald Trump. Como o presidente dos EUA, o deputado federal joga o cartão anti-establishment, com notável sucesso até agora.

Aos três meses de uma eleição que promete ser imprevisível, Jair Bolsonaro, 63 anos, desperta tanta rejeição quanto fascina. Alguns ficam revoltados com seus discursos homofóbicos, racistas e misóginos, os demais minimizam esses deslizes, dando mais importância ao seu credo de segurança e anticorrupção. Em um país entre os mais violentos do mundo, onde a maioria da classe política é acusada ou suspeita de corrupção, a versão populista autoritária, apelidada de “mito” (o mito), consegue reunir um público heterogêneo: classes abastadas. ultraliberais, conservadores evangélicos e até classes desfavorecidas em favelas.

Um programa econômico vagoO homem com slogans apocalípticos, uma vez defendendo uma “guerra civil”para “salvar” o Brasil, promete hoje facilitar o acesso à arma. Ele também prometeu domingo, se eleito, tirar o Brasil do acordo climático de Paris e reduzir drasticamente o número de ministros no governo.

Talvez seu maior trunfo seja que ele nunca esteve diretamente envolvido no caso Lava-Jato, o maior escândalo de corrupção da história do Brasil.