PSB caminha para neutralidade

Paulo Câmara

Paulo CâmaraFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

governador Paulo Câmara, vice-presidente nacional do PSB, destacou, na última quinta-feira (12), após reunião com a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que a “ala pernambucana no PSB é a maior do Brasil” e que faria “todos os esforços para que essa aliança (com o PT) se concretize”. No entanto, a tendência na sigla é de apoio ao PDT, do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes. Diante disso, para evitar um racha interno, socialistas já trabalham nos bastidores para liberar os diretórios estaduais e assim conformar as alianças regionais.

Adiar a realização das reuniões da Executiva e Diretório nacionais do PSB, que seriam realizados em 18 e 19 de julho, respectivamente, demonstra a força que Câmara e o governador de São Paulo, Márcio França, possuem na legenda. Eles necessitam de tempo para conciliar interesses. Na Executiva há 42 membros com direito a voto, enquanto o Diretório possui 137 assentos. As decisões são obtidas a partir de maioria simples e o resultado do primeiro tende a ser confirmado no segundo, que é o decisório. Estes órgãos levarão o direcionamento do partido para a chancela na convenção, que será em 5 de agosto, data limite.

Pernambuco possui, de fato, a maior bancada na Executiva, com seis votos, e no Diretório, com 19. Entretanto, essa maioria não se traduz em maior quantidade de apoios ao pleito pernambucano, que é se aliar ao PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, a tese de apoio petista possui de nove a 14 votos na Executiva e de 43 a 54 votos no Diretório, enquanto o apoio ao pedetista teria de 13 a 18 na Executiva e de 83 a 94 no Diretório. Isso porque três estados estão em aberto e dois membros da Executiva e quatro do Diretório podem votar tanto no PT quanto no PDT.

Segundo Câmara, outros estados do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste também têm interesse em apoiar o ex-presidente Lula, porém, ao ser questionado, não especificou quais. Juntos, os estados do Nordeste possuem 14 votos na Executiva e 47 no Diretório, mas os membros do Piauí e de Sergipe tendem a votar em Ciro Gomes. O do Ceará pode votar tanto no pedetista quanto no petista. No Norte, apenas Amapá e Acre estariam fechados com o PT. Os demais estados da região estão em abertos ou inclinados ao PDT.

Já os estados do Centro-Oeste gostariam de votar no ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), porém, como uma resolução do partido determina aliança apenas a siglas de centro-esquerda, como PT, PDT, PCdoB e PSOL, estes membros devem optar por Ciro Gomes.

Os estados do Sudeste e do Sul tendem a votar em peso no pedetista, totalizando 19 votos na Executiva e 60 no Diretório. Nos últimos anos, a ala pernambucana perdeu dois grandes aliados tradicionais, o Rio Grande do Sul e o Paraná, que computam oito votos na Executiva e 16 no Diretório. Os paranaenses desejam apoiar o Podemos, do senador Álvaro Dias, mas, se não for possível, tendem a votar no ex-governador do Ceará.
Diante dessas variáveis, a neutralidade, outrora rechaçada, voltou a ser uma opção para evitar que a legenda saia rachada dessa eleição presidencial.

deputado federal Julio Delgado (MG) avaliou que, apesar de a neutralidade ser ruim para o partido nacionalmente, deverá ser o caminho mais viável. “Se o estado de São Paulo, que é o maior colégio eleitoral e mais rico, juntar-se com Pernambuco, que é a terra de (Miguel) Arraes e de Eduardo (Campos) e o mais importante para o PSB, eles conseguem convencer os demais”, ponderou. Outro socialista, em reserva, corroborou com essa tese. “O caminho mais provável é o PSB não formalizar apoio e liberar os diretórios. É a forma de evitar o racha”, disse.

Na passagem pelo Recife, a dirigente petista Gleisi Hoffmann destacou que só interessa ao PT um apoio nacional ao ex-presidente Lula. Entretanto, apesar de não ser impossível, é muito difícil o PSB entregar, avaliam socialistas.

Mesmo esboçando confiança nas declarações, Câmara não possui nem o apoio de todos os aliados pernambucanos. Um dia depois do governador dizer que empreenderá todos os esforços para viabilizar o apoio ao PT, o deputado federal Felipe Carreras (PE) afirmou, via Twitter, que não votará no ex-presidente Lula e nem em deputado do PT. “Não sei a decisão que meu partido vai tomar. Respeito decisões partidárias. Tenho história no meu partido. Mas de uma coisa tenho certeza, não voto para presidente em Lula nem num candidato do PT”, escreveu. Carreras, todavia, não possui voto nas instâncias superiores socialistas. Até o fechamento desta matéria, a reportagem tentou contato com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sem sucesso.

fonte:Folhape

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