Com a atriz Fernanda Torres e o ministro do STF Luís Roberto Barroso entre os convidados, mesas trarão para a festa literária questões da atualidade
O ministro do STF Luís Roberto Barroso e a atriz e escritora Fernanda Torres: destaqueas nas mesas da Casa de Não Ficção Época & Vogue – Adriana Lorete (Barroso) e Divulgação (Fernanda Torres) / Agência O Globo
POR SILVIO ESSINGER
Enquanto a guerra ideológica e a crise da segurança tensionam Brasil e mundo, Paraty recebe, entre os dias 25 e 29 de julho, a 16ª edição da Flip. Com a proposta de trazer para a discussão, entre livros e escritores, as questões que mobilizam a sociedade, a Casa de Não Ficção Época & Vogue irá promover uma série de debates durante a festa literária, de quinta a sábado. Política e jornalismo orientam as conversas, que poderão ser acompanhadas gratuitamente (com senhas distribuídas no local, na Rua da Matriz 107).
‘Neste momento conturbado, a três meses de uma eleição que pode levar a uma situação política instável, é importante debater esses temas com a sociedade.’
— Neste momento conturbado, a três meses de uma eleição que pode levar a uma situação política instável, é importante debater esses temas com a sociedade. Temos que estar preparados para o que vem por aí — avalia a diretora de Redação da “Época” e uma das curadoras da casa, Daniela Pinheiro.
Mauro Munhoz, diretor-geral da programação principal da Flip, celebra a iniciativa:
— Uma casa voltada para a não ficção tem muito a ver com essa característica da festa, que é a integração de linguagens.
A escalação é variada, com direito a papo com Fernanda Torres (“Acho que a não ficção está dando uma surra na ficção”, adianta a escritora e atriz) e mesas com o juiz Marcelo Bretas e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
— Ele é um dos constitucionalistas brasileiros mais influentes nos últimos 20 anos, e será ótimo conversar com ele sobre os desafios do STF — diz Conrado Hübner Mendes, colunista da “Época”.
Segundo Daniela, todos os principais pré-candidatos foram convidados. Já estão confirmadas as participações do presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) e de Fernando Haddad, que vem sendo apontado como possível candidato do PT — os dois vão debater sobre “o futuro da esquerda”.
— Tivemos a preocupação de ter uma casa politicamente equilibrada, por isso convidamos nomes das mais diferentes vertentes políticas — diz ela, acrescentando que Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) declinaram do convite, e Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) ainda não responderam.
‘Num ano em que Hilda Hilst é homenageada, faz mais sentido ainda termos presença forte’
A “Vogue” marca presença com mesas como “Por que o jornalismo de moda não é algo frívolo?”.
— Literatura sempre foi parte importante na cobertura cultural da “Vogue”, sobretudo livros sobre o universo feminino. Num ano em que Hilda Hilst é homenageada, faz mais sentido ainda termos presença forte — diz Daniela Falcão, curadora da casa e CEO das Edições Globo Condé Nast, que publica a “Vogue”. — E foi um casamento perfeito: a “Época” entra com a parte de hard news, a Vogue coordena e se engaja mais nas mesas que debatem o poder da imagem, a moda como ferramenta para contar histórias, o universo dos quadrinhos (uma das mesas terá o quadrinista brasileiro Fábio Moon). A Casa é um espaço de encontro, de troca, de trazer os nossos leitores para mais perto dos grandes personagens que ocupam nossas paginas.
Convidados da programação oficial também marcarão presença, como o jornalista inglês Simon Sebag Montefiore (autor de “Os Romanov”, da Companhia das Letras), a escritora franco-marroquina Leïla Slimani, de “Canção de ninar” (editado no Brasil pela Planeta) e a argentina Selva Almada (de “Garotas mortas”, da Todavia).
As noites na Casa de Não Ficção Época & Vogue se encerram sempre com o projeto The Moth, da editora Todavia, um misto de jornalismo, literatura e teatro em que um convidado conta uma história surpreendente, entre as 19h e 19h45m. Segundo Flávio Moura, editor da Todavia e coordenador do projeto (nascido do livro americano “Tudo que é belo: quarenta e cinco histórias reais”, de Catherine Burns), The Moth é uma proposta, segundo ele, “de ir além da experiência individual da leitura”, com palestrantes a serem confirmados.
— Mas será algo como se tem lá fora, em que você traz um estudante universitário, em seguida uma cabeleireira e por fim, um ator como, por exemplo, o John Turturro — exemplifica Flavio. — O bom é ver como as histórias deles são igualmente interessantes, não importa o quão famosos ou não eles sejam.
Alguns destaques da programação
26/7, 13h. “Por que o jornalismo de moda não é algo frívolo?”, com a consultora de moda Lilian Pacce, Silvia Rogar (diretora de redação da “Vogue”) e Antonia Petta (diretora digital da “Vogue”).
26/7, 15h. “Trump e Putin, os novos czares”. Com o jornalista inglês Simon Montefiore, o editor- chefe da “Época” Plinio Fraga e o colunista da “Época” Hélio Gurovitz.
26/7, 17h. “Ficção x não ficção”. Com a escritora e atriz Fernanda Torres e a diretora da “Época”, Daniela Pinheiro.
27/7, 13h. “Segurança e violência”. Com o escritor Geovani Martins, a especialista em segurança pública Ilona Szabó e a diretora editorial de O GLOBO, “Extra” e “Época”, Ruth de Aquino.
27/7, 17h. “Casos e dilemas no combate à corrupção”. Com o juiz Marcelo Bretas, o colunista do GLOBO Bernardo Mello Franco e o editor-chefe da “Época”, Plinio Fraga.
28/7, 13h. “Sobre a maldade”, com as escritoras franco-marroquina Leïla Slimani, argentina Selva Almada e brasileira Ana Beatriz Barbosa Silva, com mediação de Daniela Falcão, curadora da Casa e CEO da Edições Globo Condé Nast.
28/7, 15h. “O futuro da esquerda”, com os políticos Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) e a diretora da sucursal de SP de O GLOBO e “Época”, Letícia Sander.
28/7, 17h. “Judicialização da política”. Com o ministro do STF Luís Roberto Barroso, o colunista da “Época” Conrado Hübner e o jornalista Felipe Recondo, autor do livro “Tanques e Togas”, sobre a atuação do Supremo na ditadura.