Trump assinará decreto para manter famílias imigrantes presas juntas

Filha do presidente se juntou a apelos contra separação de pais e filhos; ‘tolerância zero’ continua

Crianças imigrantes separadas dos pais em um abrigo de tendas em Tornillo, no Texas Foto: MIKE BLAKE / REUTERS
Crianças imigrantes separadas dos pais em um abrigo de tendas em Tornillo, no Texas – MIKE BLAKE / REUTERS

Depois de enfrentar críticas e protestos nacionais e internacionais, o presidente americano, Donald Trump, indicou em entrevista à emissora Fox News que assinará um decreto determinando que famílias de imigrantes sem documentos que cruzam a fronteira sul e são detidas possam permanecer juntas indefinidamente em centros de detenção, sem que pais e filhos sejam separados.

De acordo com o jornal “The New York Times”, a ordem executiva de Trump buscará contornar um acordo judicial mediado pela Suprema Corte em 1997, chamada de Acordo Flores, que proíbe o governo federal de manter crianças em centros de detenção migratórios por mais de 20 dias, mesmo que acompanhadas dos pais.

— Vamos assinar uma ordem executiva em breve — disse o presidente americano nesta quarta-feira. — Temos que manter as famílias unidas.

É esse aspecto que tanto a medida mencionada de Trump quanto projetos em discussão na Câmara americana pretendem alterar, segundo indicou o presidente da Casa, Paul Ryan, sem mudar a “tolerância zero” no que diz respeito a processar criminalmente os imigrantes sem visto de entrada e permanência.

A Câmara considera dois projetos de leis. Trump, que se reuniu com os deputados republicanos na noite de terça-feira, disse que apoiaria qualquer um deles. O presidente tenta fazer uma conexão entre o fim da separação das famílias e a obtenção de apoio para um projeto de lei mais amplo que incluiria financiamento da construção de um muro na fronteira com o México.

IVANKA SE UNE A APELOS CONTRA SEPARAÇÃO

Ivanka Trump, filha e assessora de Trump, pediu a seu pai para pôr fim à prática de separação de famílias na fronteira entre Estados Unidos e México, informaram meios de comunicação americanos. A Câmara americana votará amanhã um novo projeto de lei migratória que também poria fim à separação das famílias.

Ivanka não fez nenhum comentário público sobre o tema, mas Trump disse a parlamentares na reunião da noite de terça-feira que recebeu um pedido da filha em relação à questão, de acordo com a emissora CNN e o jornal “The Washington Post”. Segundo o deputado Chris Collins, de Nova York, Trump contou que Ivanka havia “visto as imagens” de crianças separadas dos pais em abrigos e disse a ele que havia “muitas razões” para solucionar a crise, informou a CNN.

— (Trump) Mencionou que sua filha Ivanka o havia alertado para terminar com isso, disse que reconhece que isso deve acabar e que as imagens são dolorosas — disse o deputado Carlos Curbelo, da Flórida, à CNN. — Discutiu a ótica e a política em si, e acredito que não está confortável com o tema.

Maggie Haberman, jornalista do “The New York Times”, informou no Twitter que Trump citou Ivanka dizendo: “Papai, o que estamos fazendo sobre isso?”

REPREENSÃO INTERNACIONAL

O apelo de Ivanka se soma à rejeição internacional à medida de Trump, que já recebeu alertas da primeira-dama Melania e de várias outras figuras políticas. Nesta quarta-feira, além do Papa Francisco, a primeira-ministra britânica, Theresa May, classificou como perturbadoras as imagens de crianças imigrantes separadas de seus pais ao chegar aos Estados Unidos.

— As imagens da crianças detidas no que parecem ser jaulas são profundamente perturbadoras, é um erro, não é algo com que estejamos de acordo — afirmou May no Parlamento, quando foi indagada sobre a possibilidade de cancelar a visita de Trump ao Reino Unido em 13 de julho em função dessa situação.

A premier, no entanto, afirmou que o convite a Trump continua de pé.

POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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