Albert Einstein tinha fé, mas abominava a submissão ao fervor religioso

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Reprodução do Arquivo Google

Udo Marquardt
Site DW

Nascido numa família pouco religiosa, o cientista judeu alemão Albert Einstein não acreditava em um Deus personalizado, mas associava ética científica à religião. Em fevereiro de 1923, já mundialmente famoso, Einstein fez uma visita a Jerusalém e assim registrou sua observação das pessoas rezando no Muro das Lamentações: “Desci até o muro do templo, onde os obtusos patrícios ficam rezando alto, com o rosto voltado para o muro, balançando o corpo para frente e para trás. Imagem miserável de uma gente com passado e sem presente”.

Esta breve anotação de viagem é característica da relação de Einstein com a religião. Por um lado, ele reclama da obtusidade dos crentes; por outro, considera-os “patrícios”. O cientista nascido em Ulm, no extremo sul da Alemanha, em 1879, era judeu e, mais ou menos desde 1918, sionista.

TINHA FÉ – Com 17 anos, no entanto, ele já tinha se excluído da comunidade religiosa judaica e jamais voltaria a seguir qualquer confissão. Não visitava serviços religiosos e não rezava. Mesmo assim, Einstein tinha fé. Em agosto de 1932, escreveu um breve texto intitulado “Minha Profissão de Fé” e logo em seguida gravou-o em disco para a Liga Alemã dos Direitos Humanos.

“Fazer parte das pessoas que podem dedicar sua valiosa força de observação e investigação a coisas objetivas e desvinculadas do tempo é uma graça especial. Como sou feliz e grato por usufruir desta graça que nos torna independentes do destino pessoal e do comportamento dos demais! Mas esta independência não deve nos cegar, no entanto, a ponto de ignorarmos os deveres que continuam nos vinculando à humanidade de antes, de agora e de depois”, observa Einstein.

E prossegue: “Nossa situação no mundo parece estranha. Cada um de nós aparece para uma breve visita, involuntariamente e sem ser convidado, sem saber por quê e para quê. Na vida diária, só sentimos que o ser humano existe por causa dos outros, daqueles que amamos e de inúmeros outros companheiros de destino”.

RELIGIÃO E MEDO – A origem da religião para Einstein é o medo. Medo de fome, doença e morte. É preciso apaziguar o Deus ou os deuses, a fim de escapar da desgraça. Em um nível mais elevado, a fé surge de sentimentos sociais. Neste caso, religião é como uma superestrutura moral que regula a vida da comunidade. Para Einstein, a religião moral é a religião dos povos com tradição cultural. Mas ele ainda distingue uma terceira forma de vivência religiosa: a religiosidade cósmica.

A religiosidade cósmica seria apenas para “indivíduos especialmente ricos e comunidades especialmente nobres”. O conceito cósmico de Deus não se prende mais a imagens pessoais, de modo que não requer nem Igreja, nem dogmas, nem orações. Neste caso, Deus é um princípio. Sua linguagem é a matemática. Venerá-lo significa fazer ciência.

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