Antes de audiência, Bretas relembra frase a Lula e diz a Cabral: ‘Juiz não é inimigo’

Nesta semana, magistrado ouviu ex-presidente como testemunha de defesa do ex-governador e falou da relevância política.

Marcelo Brêtas interrogou Cabral nesta sexta-feira (Foto: GloboNews reprodução)
Por Gabriel Barreira

Antes de interrogar o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Bretas comentou nesta sexta-feira (8) sobre outra audiência desta semana que causou polêmica. Na terça passada, Cabral convidou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a prestar depoimento como testemunha de defesa. Bretas se referiu a Lula como uma figura histórica da política e permitiu que o ex-governador conhecesse o neto recém-nascido.

Os comentários feitos por Bretas nesta sexta foram considerados por ele próprio como um desabafo, após ser criticado em redes sociais. Internautas o atacaram por considerarem que havia elogiado Lula.

“Só não bateram mais em mim por ter me deixado encontrar seu neto (na terça) porque houve um assunto mais importante que foi a conversa com o ex-presidente. Tem pessoas que confundem as coisas. Acham que juiz não tem que ser humano, que tem que ser máquina. Juiz é humano, mais do que qualquer um tem que ter respeitar a humanidade. Achei que o senhor não causaria mal nenhum a sociedade se encontrasse sua família”, disse Bretas.

O magistrado disse ainda que trabalha há dois anos na Lava Jato, mas que antes disso repetiu o gesto com presos pobres. Ou seja, permitiu a visita de familiares.

“Cansei de pedir aos policiais que aguardassem aqui fora. Não fiz isso porque era o senhor não. O país está muito sensível politicamente. Nos tratamos com respeito, independentemente de ter condenado o senhor. Juiz não é inimigo de ninguém”, completou.

Na semana passada, Bretas falou o seguinte para Lula ao encerrar a oitiva.

“Senhor Luiz Inácio, muito obrigado. Inclusive pela postura que se portou. O senhor é uma figura importante no nosso país, é relevante sua história para todos nós. Para mim, inclusive. Aos 18 anos estava aqui num comício na Avenida Presidente Vargas com um milhão de pessoas e eu estava lá usando o boné e a camiseta com seu nome”.

Logo após a audiência da última terça-feira, em conversa informal, o magistrado fez questão de dizer que havia falado sobre o passado do ex-presidente e que não entrava no mérito de seus mandatos. No depoimento desta sexta, destrinchou o assunto diante de Sérgio Cabral.

“Juiz não é robô. Não espero que as pessoas entendam isso e, cá entre nós, não estou preocupado. Mas se tiver que tomar decisão que ninguém goste e tiver que tomar, vou tomar. Como falei de maneira respeitosa a um político de relevância. Seja amado ou seja odiado, ninguém pode negar que foi uma pessoa relevante. Aqui, ele foi ouvido como testemunha de defesa – sequer é réu na Justiça do Rio”

Também nesta sexta-feira, Cabral admitiu a Bretas que seu grupo movimentou algo próximo de R$ 500 milhões, sendo R$ 20 milhões para uso pessoal.

Luiz Inácio Lula da Silva (centro), então presidente, posa com uma bandeira da candidatura do Rio como sede da Olimpíada ao lado do então governador do Rio, Sérgio Cabral (dir.) em junho de 2009, em Genebra (Foto: Fabrice Coffrini/AFP/Arquivo)

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