Onde a violência piorou no Brasil na última década

No Brasil, o número de assassinatos avançou entre 2006 e 2016 — apenas cinco estados tiveram melhora nesse índice

São Paulo – Pela primeira vez na história, a taxa de homicídio no Brasil ultrapassou o patamar de trinta mortes por 100 mil habitantes, segundo Atlas da Violência divulgado nesta terça-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o estudo, que analisa os números de homicídio no país entre 2006 e 2016, mais de 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional. O resultado deixa o Brasil com uma taxa 30 vezes superior a da Europa.

Se por um lado houve queda dos homicídios em sete estados brasileiros, como São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, o índice de assassinatos cresceu nas demais unidades da federação nesse período – em cinco, a taxa mais do que dobrou.

É o caso do Rio Grande do Norte, que saltou de uma taxa de 14,9 mortes para cada 100 mil habitantes em 2006, para 53,4 em 2016 – crescimento de 257% na década. Também houve aumento intenso nos estados Sergipe (121,1%), Maranhão (121%) e Tocantins (119%)

“Os muitos planos nacionais de segurança pública que tivemos falharam pela incapacidade de o governo ter uma arquitetura institucional e de governança que pudesse traduzir as ideias em ações e em boas políticas”, diz o relatório do Ipea.

Na avaliação do Instituto, para brecar a escalada de violência, o governo federal deveria investir em três pilares: promoção de políticas públicas efetivas, capacitação das forças policiais e investimentos em ações inovadoras.

Onde a situação é pior

Considerando a década 2006-2016, o Rio Grande do Norte foi o estado que apresentou o pior desempenho em outros dois indicadores violentos: homicídio de jovens de 15 a 29 anos e violência contra negros.

As mortes de jovens por homicídio no Brasil cresceu 24,8% em dez anos. No período, o estado registrou elevação drástica de 380,1%. Mesmo assim, até agora, diz o relatório, o governo local não trouxe soluções para atacar o problema.

Sobre a taxa de homicídio na população negra, o Rio Grande do Norte cresceu 321,1% na década, contra o aumento de 23,1% na taxa nacional.

Em mais uma evidência do alarmante cenário local, o estado ficou empatado como  Maranhão no crescimento da taxa de homicídio de mulheres, com um aumento de 114,8%.

Ranking Estados Taxa de homicídio (por mil) – 2006 Taxa de homicídio (por mil)- 2016 Variação da taxa 2006 – 2016
Rio Grande do Norte 14,9 53,4 256,9%
Sergipe 29,2 64,7 121,1%
Maranhão 15,7 34,6 121%
Tocantins 17,2 37,6 119%
Bahia 23,7 46,9 97,8%
Acre 23 44,4 93,2%
Ceará 21,8 40,6 86,3%
Pará 29,2 50,8 74,4%
Goiás 26,3 45,3 72,2%
10º Amazonas 21,1 36,3 71,9%
11º Piauí 13,8 21,8 58,5%
12º Rio Grande do Sul 18,1 28,6 58%
13º Paraíba 22,8 33,9 48,8%
14º Amapá 32,8 48,7 48,5%
15º Roraima 27,5 39,7 44,2%
16º Santa Catarina 11,2 14,2 27,4%
17º Mato Grosso 31,4 35,7 13,8%
18º Rondônia 37,4 39,3 5,1%
19º Minas Gerais 21,4 22 2,7%
20º Alagoas 53,1 54,2 2%
21º Distrito Federal 27,7 25,5 -7,8%
22º Paraná 29,8 27,4 -8,1%
23º Pernambuco 52,6 47,3 -10,2%
24º Mato Grosso do Sul 29,7 25 -15,8%
25º Rio de Janeiro 47,5 36,4 -23,4%
26º Espírito Santo 50,9 32 -37,2%
27º São Paulo 20,4 10,9 -46,7%

 

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