PERGUNTA SEM MEDO

   Por Flávio Chaves  – Jornalista,escritor, poeta, presidente do Instituto Monitora Brasil e membro da Academia Pernambucana de Letras.Foi Delegado Regional em Pernambuco/Minc

Deus, por que ao nascer a criança não tem direito à consciência de esboçar a ternura e reconhecer o rosto de sua mãe?Cresce no delírio de um mundo cretino, ensandecido e em desatino, com a vida toda feita de distâncias e intervalos?Vive-se por aqui como escravo sentenciado,por vassalos e seus carrascos.Depois, já maduro,na hora em que deveria existir o pleno direito de colher os frutos,abraçar-se em duradouro tempo da consciência de viver; sentir se findar seu dicionário de amor e termo,sem o anúncio de despedida,pois vida já há.Não se ter a chance de dizer-lhe: MÃE, como eu te amo e meu coração é tua casa.E ficamos entre de ventania,sonhos e lembranças, desse vendaval da partida sem despedida.Hoje eu sou um pássaro sem asa. Por mais busca que me estendo,não consigo olhá-la nos olhos para sempre?Perdoa Deus,mas isso me magoa e dói muito.Não vou fingir que não sinto raiva.Por que Deus, Mamãe,eu e meus irmãos,estávamos num momento de infinito amor da gente abraçados e abrasados,um com o outro.Entrega profunda só da gente e aí Você vem e nos rouba-a de repente.?Leva-a e subtrai a mais viva chama de amor aqui na terra,para nós,seus filhos.?Talvez,eu posso até ferir essa a tal liturgia que de buscar conforto com prece e oração;não Deus,desculpa,mas Lhe confesso que não há bálsamo, para acalantar o meu coração,quando sinto que o meu sorriso festivo e lindo e o meu meu olhar de carinho que eu recebia todos dias,não me é mais possível partilhar,aqui,em vida. Pois saiba Deus, que nessa distante promessa de nos vermos amanhã, Mamãe e eu;vou dizer e desabafar que essa fúria que sinto, nunca sairá de mim.Olha Deus,sinto muito essa intimidade de me comunicar Contigo,mas uma coisa eu tenho que externar com muito sentimento;se quiserem chamar delírio, eu responderei que é amor: Vou falar,eu tenho que dizer que essa saudade de minha mãe, doída,santa,áspera ou sensata e a terna e eterna lembrança de MAMÃE, em brasa,eu guardarei em chamas,para sempre em meu coração.

FLAVIO CHAVES – FRC

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