No bicentenário de Marx, socialismo ainda divide opiniões

Só 22% dos brasileiros acham que a classe trabalhadora está bem representada politicamente

No bicentenário de Marx, socialismo ainda divide opiniões

Duzentos anos após o nascimento do pensador responsável pelas bases teóricas do socialismo, o sistema político e econômico desenvolvido por Karl Marx (1818-1883) ainda gera grande polarização internacional. Uma pesquisa de opinião global indica que a ideologia socialista divide opiniões e é vista de forma contraditória. Segundo o levantamento, a maior parte das pessoas defende ao mesmo tempo pontos centrais do socialismo e do capitalismo liberal, o que revela certa incongruência política.

A divisão em relação a o que o socialismo representa é clara. Por um lado, metade das pessoas (50% dos entrevistados) ainda acredita que, no presente, ideais socialistas têm grande valor para o progresso da sociedade. Para a outra metade (48%), entretanto, o socialismo é um sistema de opressão política, vigilância em massa e terrorismo de Estado.

A sondagem online foi feita entre março e abril. No total, 20.793 pessoas de 18 a 65 anos foram ouvidas em 28 países, inclusive no Brasil. Apesar de mostrar a divisão das opiniões em relação ao sistema como um todo, há uma grande aprovação global a respeito de alguns pontos centrais da presença do Estado na economia, como forte defesa de educação e saúde públicas. Ao mesmo tempo, a maior parte dos entrevistados também defende liberdades individuais e o favorecimento econômico de quem tem mais talento.

A divisão das opiniões e a contradição se revelam em outros pontos da pesquisa. Dois terços dos entrevistados acreditam que a competição e o livre mercado revelam o melhor das pessoas. Em uma linha semelhante, pouco mais da metade dos entrevistados acredita que a liberdade individual é mais importante do que a justiça social. E quase 70% acham que é certo que as pessoas com mais talento ganhem mais do que as que têm menos.

No caso brasileiro, os resultados também indicam forte contradição na forma como a população pensa a relação entre o Estado e a economia. Pelo levantamento, 57% aprovam o socialismo, mas 50% acham que o ele é um sistema de opressão –o que indica que, para quase 1 em cada 10 brasileiros, o socialismo é os dois ao mesmo tempo. A margem de erro da sondagem no Brasil é de 3,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Outro ponto que chama atenção é que, por mais que o socialismo tenha apoio de mais da metade da população, 78% dos entrevistados do Brasil defendem o livre mercado como um sistema que revela o melhor das pessoas. O Brasil é o segundo país em que menos pessoas acham que os ricos deveriam pagar mais impostos para ajudar os pobres (66%). O país fica atrás apenas da África do Sul (58%). Só 22% dos brasileiros acham que a classe trabalhadora está bem representada politicamente. A média global é de 33%.

A contradição da defesa simultânea de socialismo e capitalismo se repete em muitos países, mas, como a pesquisa foi realizada em nações que seguem modelos políticos e econômicos diferentes, ela revela certa separação geográfica na forma como o socialismo é interpretado.

A China, por exemplo, é o país que mais defende o socialismo como forma de alcançar o progresso (84%) e um dos que menos acreditam que a liberdade individual é mais importante do que a justiça social (37%). Os EUA, por outro lado, defendem mais liberdade individual (66%), estão entre os que menos acham que socialismo traz progresso (39%) e veem o socialismo como opressor (61%). Com informações da Folhapress.

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