Kassab afirma que a obra nem foi realizada

Renan Ramalho
G1, Brasília

O ex-presidente da Galvão Engenharia Dario Queiroz Galvão Filho disse ao Ministério Público Federal, em depoimento de delação premiada, que pagou R$ 1 milhão em 2008 ao ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) em troca da contratação da empresa pela Prefeitura de São Paulo.

Na época, Kassab concorria à reeleição como prefeito e, segundo o executivo, pediu a quantia para sua campanha por meio de outro funcionário da construtora. Em troca, viabilizaria a participação da Galvão Engenharia na construção de um túnel na Avenida Sena Madureira.

DOAÇÃO AO DEM – De acordo com Galvão Filho, o pagamento foi feito em setembro daquele ano por meio de doação eleitoral ao diretório do DEM, partido de Kassab à época, dez dias depois da publicação de um edital de licitação do empreendimento – a empresa saiu vencedora, mas a obra acabou não saindo do papel. O valor total da obra estava orçado em R$ 87,5 milhões.

Em nota, o ministro afirmou que a licitação ocorreu de forma “lícita e transparente, obedecendo todas as disposições legais, em defesa estrita do interesse público”. Acrescentou que, de fato, a obra não chegou a ser executada. “As doações recebidas para campanhas seguiram a legislação vigente”, diz Kassab.

A suspeita levantada por Dario Queiroz Galvão Filho foi inserida no fim de abril dentro de outra investigação aberta no ano passado sobre Kassab com base na delação de executivos da Odebrecht. Nesse inquérito, o ministro é suspeito de receber propina para outras obras no âmbito da prefeitura.

PRORROGAÇÃO – No último dia 27 de abril, o vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, pediu a prorrogação do inquérito por mais 60 dias para tomada de novos depoimentos e análise do sistema de pagamento de propinas da Odebrecht pela Polícia Federal.

O relator do caso no STF é o ministro Luiz Fux. Além desse inquérito, Kassab responde a outras duas investigações no STF.