Sílvio Neves desvenda os véus de Eça de Queiroz

Resultado de imagem para Sílvio Neves Baptista O acadêmico Sílvio Neves Baptista

comentarista   Por  Jose Adalberto Ribeiro

MONTANHAS DA JAQUEIRA – “Cesse tudo que a antiga musa canta, que outro valor mais alto se alevanta”, proclamou Camões ao despedir-se das navegações de gregos e troianos e saudar as conquistas lusitanas dos “mares nunca dantes navegados”. “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!”. “Políticos e fraldas devem ser mudados frequentemente, e pelos mesmos motivos”, assim o mordaz Eça de Queiroz destila sua ironia sobre os costumes mundanos e políticos de Portugal nos meados do século 19.

Camões, o épico; Fernando Pessoa, o existencialista; Eça de Queiroz, o crítico mordaz. Eles formam a tríade mais luminosa na galeria dos escritores portugueses.

Na idade das fraldas, Eça de Queiroz foi rejeitado pela mãe biológica, Carolina Augusta Pereira D’Eça. Seria uma mãe desnaturada? Mistérios da natureza humana, ou da natureza desumana. Mistérios de muitos véus. Certidão de batismo: “José Maria (ainda não era um Eça de Queiroz) – filho natural de José Maria d’Almeida Teixeira de Queiroz e de mãe incógnita”.

A bordo de seu telescópio X9, com lentes do Direito de Família e sensores literários, o escritor e advogado Sílvio Neves Baptista navegou no tempo das fraldas, nos jardins da infância e da maturidade para escrever o livro “Eça de Queiroz: um caso de abandono materno e de filiação socioafetiva” e desvendar os véus natalícios do magistral autor. Fez o batistério literário de Eça.

O pai, Dr. José Maria de Almeida, brasileiro de nascença, mandou trazer de Pernambuco a criada Ana Joaquina Leal de Barros, costureira, casada de papel passado com o alfaiate Antonio José Fernandes do Carmo, para amamentar o infante. A ama forneceu a José Maria o leite da ternura humana.

Carolina Augusta Pereira casou com José Maria d’Almeida Teixeira de Queiroz quando Eça já tinha quatro anos. Mesmo assim não assumiu a maternidade. Há especulações de que ela não seria a mãe biológica de Eça, sendo ele filho de uma mulher casada que não poderia assumir a maternidade.

Somente na adolescência ou juventude, ao estudar no Colégio da Lapa e ingressar na Universidade de Coimbra, quando já era conhecido como tal, o filho do Dr. José Maria de Queiroz e de Dona Carolina Augusta D’Eça assumiu a patente de Eça de Queiroz.

Esta é apenas uma crônica singela, tipo “chá de fraldas”, na preparação para o lançamento do livro,2ª. Edição, dia 26, quinta-feira as 19 horas, na Academia Pernambucana de Letras.

Eça é autor dos clássicos “Os Maias” e “O crime do Padre Amaro”, considerado romance mais expressivo do realismo português.

Seja ou não reflexo de sua condição de rejeitado pela mãe na infância, Eça faz referências episódicas a casos de incestos involuntários, adultérios e conflitos familiares.

Existe vasta bibliografia sobre Eça de Queiroz, mas a abordagem do telescópio SNB-X9 é inédita. O militante político Paulo Cavalcanti, meu memorável amigo de outros tempos, escreveu “Eça de Queiroz, agitador no Brazil”. Paulo fundou a Sociedade Eça de Queiroz em Pernambuco.

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