Temer abraça o Ibope e leva chumbo de Bolsonaro

Bolsonaro classificou de ‘política’ a intervenção militar no Rio de Janeiro e aumentou o calibre dos ataques contra o presidente

Temer abraça o Ibope e leva chumbo de Bolsonaro
Temer quer passar a imagem de que lidera um ‘governo de resultados’ (Foto: Kremlin)
 Por Claudio Carneiro

Ciente de que está à frente do governo mais impopular de toda a história da República, o presidente Michel Temer decidiu adotar nos próximos seis meses uma estratégia que torne viável sua desejada – mas não revelada – reeleição ao Planalto. Para tanto, o governo resolveu pautar suas ações sobre as pesquisas semanais que promove. Cenário desenhado pelo Ibope demonstra a apreensão dos entrevistados com temas como saúde (41%), combate à corrupção (16%), desemprego (15%), educação (10%) e segurança pública (7%).

Em algumas sondagens, a segurança chegou a aparecer no ranking, mas a preocupação com a economia sempre ficou na lanterna. Talvez por isso, Temer tenha desistido da impopular reforma da Previdência. Sempre de carona nas redes sociais, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) reagiu a esta mudança de estratégia com mais um de seus vídeos. Ele classificou de “política” a intervenção militar no Rio de Janeiro e aumentou o calibre dos ataques contra o presidente. “Temer já roubou muita coisa aqui, mas o meu discurso ele não vai roubar, não”.

Adepto da estratégia de polarização – antes com Lula e agora com Temer –, Bolsonaro contestou a cômoda situação do presidente: “É uma intervenção política que ele está fazendo. Ele agora está sentado, lá não sei onde, tranquilo, deitado. Se der certo, eu vou torcer para que dê certo, glória dele. Se der errado, joga a responsabilidade no colo das Forças Armadas”.

O governo de resultados de Michel Temer

Nos corredores do Planalto, a instrução é não responder aos petardos de Bolsonaro. Temer quer passar a imagem de que lidera um “governo de resultados”, com ações pontuais e de apelo popular – sempre tendo o Ibope como Bíblia. Dono de uma impopularidade persistente, Temer quer trocar o papel de vilão pelo de ator principal.Ações midiáticas, como a intervenção no Rio, fizeram dele o principal alvo de postulantes à sua cadeira. É o protagonismo com que sempre sonhou.

Depois de perder meses com o pacote de maldades da reforma da Previdência e desperdiçar dinheiro – chegando a transformar as capas de quatro importantes revistas do país em caríssimo espaço publicitário –, o governo tem agora outras prioridades. Determina a Carta Magna que reformas à Constituição são proibidas enquanto houver uma intervenção militar em qualquer um dos 27 estados brasileiros – contando o Distrito Federal. Temer trocou o jogo ruim que tinha nas mãos por uma nova cartada. “O governo mostra que está esperneando, que trocou de agenda saindo da impopularíssima reforma da Previdência com um factoide de grande comoção no Rio de Janeiro”, afirmou o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Planalto.

Até abril, Temer anuncia o aumento acima da inflação dos benefícios do Bolsa Família, reduções de gastos da máquina pública e planos de demissão voluntária em estatais. Tudo isso atendendo aos números das pesquisas semanais. Outras bondades virão.

O&N

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