Documento do Vaticano sinaliza que corruptos e mafiosos serão excomungados

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Papa considera o Brasil como o maior exemplo

O Vaticano considera a possibilidade de excomungar corruptos, em um gesto claro por parte do papa Francisco de lidar com o problema que, segundo a Igreja, é global. A decisão foi anunciada em comunicado da Santa Sé após reunir, em Roma, especialistas de diversos países para debater o problema e formar um grupo de trabalho para estudar de que forma os religiosos católicos poderiam se envolver no debate. Além da corrupção, a máfia também estaria sendo visada pela Igreja Católica.

De acordo com o Vaticano, o grupo “está trabalhando em um texto que vai guiar os futuros trabalhos e iniciativas”. “Entre eles, existe a necessidade no presente de explorar em um nível internacional e na doutrina legal da Igreja a questão da excomunhão para a corrupção e associação mafiosa”, explicou o texto divulgado neste domingo, dia 18.

BRASIL É EXEMPLO – O evento no Vaticano foi chamado de Debate Internacional sobre a Corrupção, e o Estadão apurou que teve como inspiração o próprio papa e suas preocupações sobre casos de corrupção pelo mundo, em especial nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Mergulhada em problemas de corrupção em suas próprias instituições, a Santa Sé buscaria adotar uma linha-dura. Nas reuniões, bispos e teólogos debateram o assunto com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), magistrados, intelectuais e embaixadores.

“A luta contra a corrupção e máfias é uma questão não apenas de legalidade, mas de civismo”, indicou o comunicado do Vaticano, ao terminar o evento. Para o cardeal Peter Turkson, o fenômeno da corrupção “ameaça a dignidade das pessoas”.

PASSOS CONCRETOS – Para o bispo Silvano Tomasi, o objetivo desse primeiro encontro foi o de “identificar passos concretos que possam ser tomados para ajudar a prevenir a corrupção”. “O esforço que estamos fazendo é o de criar uma mentalidade, uma cultura de Justiça que combata a corrupção”, disse.

Francisco vem criticando diretamente a corrupção. Excomungar seria a punição mais severa que a Igreja poderia adotar. Em prefácio de um livro de Turkson, o papa qualificou a corrupção como “um câncer que nos consome a todos”. “Precisamos trabalhar juntos, cristãos e não cristãos, pessoas de todas as crenças ou sem crenças, para combater essa forma de blasfêmia”, escreveu.

No que se refere à máfia, Francisco já excomungou o grupo Ndrangheta, em 2014. Mas religiosos da Santa Sé insistem que, se tal postura foi adotada contra os grupos italianos, uma regra geral deveria ser estabelecida para outros grupos criminosos, como traficantes de drogas, e quem sabe políticos, latino-americanos.

 

Jamil Chade
Estadão

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