Propina do FI-FGTS bancou campanha de Temer em 2014, diz Funaro à PF

Operador do PMDB afirmou que empresas ligadas a Henrique Constantino e Eike Batista pagaram R$ 20 milhões em propina, usada principalmente em eleições do presidente; depoimento também implica Moreira Franco e Geddel

O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro afirmou à Polícia Federal que operações financeiras do fundo de investimentos do FGTS resultaram em cerca de R$ 20 milhões em propina, usados principalmente na campanha de Michel Temer à Vice-Presidência da República em 2014 e também na de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. Ambas ocorreram por “orientação de Temer”, afirmou.

A informação foi adiantada por ÉPOCA em reportagem do último dia 2 de junho, que detalhou a proposta de delação premiada feita pelo operador financeiro à força-tarefa da Lava Jato. Em entrevista publicada por ÉPOCA na edição desta semana, o dono da JBS Joesley Batista afirmou que era Funaro quem cobrava a propina de suas operações na Caixa: “Eu tentava fazer operações na Caixa, o operador Lúcio Funaro descobria e vinha falar: ‘Vai ter os 3%, né?’”.

Segundo Funaro disse à PF, a propina a Temer foi proveniente da liberação de recursos para a empresa BR Vias, do grupo de Henrique Constantino, dono da Gol, e à LLX, do grupo do empresário Eike Batista. “Foram efetuadas operações perante o FI-FGTS para as empresas BR Vias e LLX, as quais geraram comissões expressivas, no montante total aproximado de R$ 20 milhões, do qual se beneficiaram principalmente a campanha do ex-deputado federal Gabriel Chalita para a prefeitura de São Paulo/SP no ano de 2012, e a campanha para Presidência da República no ano de 2014, sendo que ambas foram por orientação/pedido do presidente Michel Temer”, afirmou.

Funaro disse ainda ter estado pessoalmente três vezes com Temer: “Na base aérea em São Paulo/SP, juntamente com o deputado Eduardo Cunha; em um comício para as eleições municipais em Uberaba/MG no ano de 2012, também com Eduardo Cunha e Ricardo Saud; em uma reunião de apoio à candidatura de Gabriel Chalita à prefeitura de S?o Paulo/SP realizada na igreja Assembleia de Deus do Bom Retiro, junto com os bispos Manoel Ferreira e Samuel Ferreira”.

O operador financeiro afirma ter atuado na arrecadação de valores do PMDB em 2010, 2012 e 2014, tendo captado um total aproximado de R$ 100 milhões.

Também comprometeu o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, afirmando que operacionalizou o pagamento de propina a ambos em casos de liberação de recursos da Caixa. Para Geddel, ele calculou em R$ 20 milhões os repasses, por meio de dinheiro em espécie. Para Moreira, não foi especificado um valor.

Temer e os demais citados já negaram as acusações. Em nota divulgada anteriormente, Temer, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que não tinha “nenhuma relação” com Lúcio Funaro e que é “impossível” que o lobista tenha operado qualquer tipo de movimentação financeira para Temer. “As relações do doleiro eram com outras pessoas da legenda”, diz o texto.

Fonte: Época

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