JARBAS VASCONCELOS FALA A VERDADE À VEJA, E O PMDB ACHA ISSO INSUPORTÁVEL. QUER PUNI-LO

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) deu uma entrevista explosiva à revista VEJA (trechos abaixo). O PMDB não gostou. E se ocupou menos de contestar suas denúncias do que de ameaçar o senador. Faz sentido. Ou o PMDB seria outra coisa. Acompanhem: Por Fabíola Salvador, Rosa Costa e Denise Madueño, no Estadão: A cúpula do PMDB […]

Em discurso na tribuna do Senado, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Por Reinaldo Azevedo

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) deu uma entrevista explosiva à revista VEJA (trechos abaixo). O PMDB não gostou. E se ocupou menos de contestar suas denúncias do que de ameaçar o senador. Faz sentido. Ou o PMDB seria outra coisa. Acompanhem:
Por Fabíola Salvador, Rosa Costa e Denise Madueño, no Estadão:
A cúpula do PMDB vai se reunir hoje e avaliar se pune ou não o senador do partido Jarbas Vasconcelos (PE) pelas declarações que deu em entrevista à revista Veja, na edição desta semana. Segundo Jarbas, o PMDB é “um partido sem bandeiras, sem propostas, sem norte” e boa parte dos filiados “quer mesmo é corrupção”.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antecipou que defenderá a saída do senador do partido. “Ele generalizou e não deve se sentir confortável no PMDB depois das críticas. Deve sair”, disse Cunha.
O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), também questionou a presença de Jarbas na sigla, mesmo sem pedir diretamente sua saída. “É uma incoerência: ele fala tudo isso e fica no partido? Não dá para entender”, observou. “A opinião do senador está em desacordo com o que pensam as urnas, a Câmara e o Senado.”
Alves lembrou que o PMDB elegeu um grande número de prefeitos em 2008 e passou a controlar 1.313 prefeituras. Também disse que o seu partido só chegou ao comando da Câmara e do Senado porque tem o apoio de outras legendas.
Por Otávio Cabral
A ideia de que parlamentares usem seu mandato preferencialmente para obter vantagens pessoais já causou mais revolta. Nos dias que correm, essa noção parece ter sido de tal forma diluída em escândalos a ponto de não mais tocar a corda da indignação. Mesmo em um ambiente político assim anestesiado, as afirmações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos, de 66 anos, 43 dos quais dedicados à política e ao PMDB, nesta entrevista a VEJA soam como um libelo de alta octanagem. Jarbas se revela decepcionado com a política e, principalmente, com os políticos. Ele diz que o Senado virou um teatro de mediocridades e que seus colegas de partido, com raríssimas exceções, só pensam em ocupar cargos no governo para fazer negócios e ganhar comissões. Acusa o ex-governador de Pernambuco: “Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”.

O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado?
É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.

Mas ele foi eleito pela maioria dos senadores.
Claro, e isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes, se vai dar aumento aos funcionários. O que importa é que ele não vai mudar a estrutura política nem contribuir para reconstruir uma imagem positiva da Casa. Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.
(…)
Para que o PMDB quer cargos?
Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.

Quando o partido se transformou nessa máquina clientelista?
De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.

 

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