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Em 10 de julho de 1884, o Amazonas se tornava o segundo Estado brasileiro (na época ainda denominado de província) a declarar livres os escravos negros. A história mostra, porém, que boa parte da população nunca se interessou pela escravidão de negros. Preferiam explorar osindígenas que estavam mais “à mão”. Além de a região ser dominada pela floresta, bem conhecida dos índios, não havia lavouras e os negros tinham custos bem mais altos para aquisição.

Os primeiros escravos negros chegaram ao Amazonas durante o período de governo do Marquês de Pombal (1750 a 1777) quando, de acordo com Arthur Reis em seu livro “História do Amazonas”, 12.587 africanos foram colocados à venda em Belém pela Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e Maranhão. Moradores do rio Negro, certamente portugueses e com algum poder aquisitivo, compraram vários exemplares dessa “novidade” e os trouxeram para o Amazonas.
Concentração de escravos em frente a comércio, em Manaus.

O ouvidor Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, em seu “Appendice ao Diário de Viagem”, de 1775, calcula em 193 o número de negros por toda a capitania (abrangia o Amazonas mais partes de Roraima e Rondônia). Já o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, em seu “Diário da Viagem Philosophica ao Rio Negro”, em 1785, encontrou 247 indivíduos negros naquela região.
Ainda segundo Arthur Reis, os escravos que vieram para o Amazonas foram trazidos primeiramente de Angola e Cabo Verde, depois da Bahia e de outros pontos do país. Quando aconteceu a libertação destes em 1884, estatísticas apontam que existiam 1.501 indivíduos negros na comarca (a mesma área da antiga capitania). Como no resto do país, os escravos daqui também articularam fugas, e muitas com êxito. Sabe-se delas para a Venezuela, pelo rio Negro; para a Colômbia, pelo Solimões; e para o Mato Grosso, via Madeira. Em alguns altos rios, distantes do perigoso homem branco, chegaram a formar pequenos quilombos e lá viveram livres pelo resto de suas vidas.
Movimentos pela libertação
“O primeiro gesto oficial para a libertação dos escravos no Amazonas partiu do deputado Agostinho de Souza, em 13 de maio (atenção para a data) de 1866 quando ele apresentou à Assembleia Provincial, e recebeu aprovação, um aditivo ao orçamento de dez contos de réis anuais para a compra da liberdade de escravos menores de idade, sancionada pelo então presidente João Wilkens de Matos, barão de Mariuá (1868 a 1870), paraense”, lembrou o historiador Antonio Loureiro.
Quatro anos depois, a 6 de março de 1870, foi criada a Sociedade Emancipadora Amazonense, cujo objetivo principal era conseguir dinheiro para a compra das cartas de alforria de escravos. No mesmo dia da criação da Sociedade, quatro deles foram alforriados. Nos anos que se seguiram, as atividades pela redenção definitiva no Amazonas não pararam e muitos senhores resolveram libertar seus escravos até mesmo sem receber nada em troca.

Ainda no ano de 1870, a Assembleia Legislativa retirou das verbas públicas doze contos para a alforria de mulheres entre doze e 30 anos. No ano seguinte, o presidente da província, general carioca José de Miranda da Silva Reis (1870 a 1872) sugeriu que a Assembleia fizesse uma lei para livrar da escravidão os nascituros, o que passou a acontecer a partir de abril de 1871. É bom lembrar que a Lei do Ventre Livre, idealizada pelo visconde do Rio Branco, na corte, só se tornaria uma realidade para o Brasil a partir de 28 de setembro de 1871.
Dez anos depois a Assembleia Legislativa tomaria outra atitude para dificultar ainda mais a escravidão no Amazonas ao criar uma taxa de 500 mil réis paga pelo senhor sobre qualquer escravoseu que entrasse na província.

Fonte: Jornal do Commercio / Portal Amazônia/Roots Brazil Networking Project
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