P AU L O F R E I R E

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  Por Nilzardo Carneiro Leão – Professor, escritor,  advogado, membro do IAHGP e da Academia Pernambucana de Letras

A Folha de Pernambuco trouxe, em 04 de maio deste 2017, importante editorial intitulado 20 anos sem Paulo Freire”, no qual o jornal presta, com absoluta justiça, uma homenagem ao grande educador nascido no Recife, Pernambuco, portador de 20 Títulos de “Doutor Honoris Causa”, conferidos pelas mais diversas Universidades da Europa e Américas.

Recebeu, também, em 1986, ainda em vida, o prêmio  Educação Para a Paz”, conferido pela UNESCO, entidade  integrante da ONU.  E, em 13 de abril de 2012, o Brasil declarou, através  da Lei nº 12.612, Paulo Freire “Patrono da Educação Brasileira”, como diz o editorialista, “um reconhecimento justo ao valor de um mestre cuja memória jamais desaparecerá de seus concidadãos.”

Nascido nesta cidade do Recife, em 19 de setembro de 1921, era filho  de d. Edeltrudes Neves Freire, e, com ela, aprendeu a escrever usando gravetos na areia do terreno da casa onde morava, o que lhe deixou profundas marcas e permitiu que mais tarde, implantasse um sistema  filosófico e pedagógico que mudaria a forma de pensar e   educar, inspirado no modo como recebeu as primeira  aulas domésticas. (Tarcísio Ferraz, “Teorias mais que atuais” – DP 18.Set.2005).

Bacharelando-se pela Faculdade de Direito do Recife, da UFPE, longe de seguir a advocacia, a judicatura,  o Ministério Público, Paulo Freire  dedicou-se inteiramente à pedagogia da educação,  criando um “método libertador do ensino”, que passou a chamar-se e ficou conhecido como “Método Paulo Freire”.

Paulo Freire, ao manter contato com jovens e adultos, quando Diretor do SESI,  começou a gestar uma forma válida  de rápida alfabetização, afastando-se  dos sistemas tradicionais, onde  realidade social era praticamente inexistente.

E em 1960, quando já fizera experiência de campo do seu método no Rio Grande do Norte, alfabetizando dezenas de trabalhadores em 45 dias,  foi convocado  para dirigir o “Programa Nacional de Alfabetização”, no Governo João Goulart”. Depois, atuou em órgãos da educação em Pernambuco, seja na Divisão de Cultura  da Secretaria Municipal de Educação, seja participando do Movimento de Cultura Popular do Recife, de quem foi um dos fundadores.

O movimento militar de 1964, no entanto, considerando seu método de ensino para formação de uma consciência política de analfabetos  como subversivo, tornou-o inimigo político,  exilando-o, ele, que era um cidadão de fé católica.

No exterior. viu seu método de alfabetização ser reconhecido internacionalmente, passando a ministrar aulas e cursos nas mais diversas Universidades dos países  avançados culturalmente.

  Seus livros servem para que se possa ter uma visão de sua pedagogia, totalmente voltada em favor dos menos favorecidos: “Educação como prática da Liberdade”, “Pedagogia do Oprimido”, “Pedagogia da Tolerância”, “Pedagogia da Esperança”, “Pedagogia da Autonomia”, “Educação para Mudança”, dentre outros.

Não esquecer, nunca, seu poema-pensamento sobre “A Escola”:

“Escola é…/o lugar onde se faz amigos/ não se trata só de prédios/

salas, quadros, programas, horários, conceitos.

Escola é/ sobretudo gente/ gente que trabalha/ que estuda/

que se alegra/ se conhece/ se estima./

O diretor é gente. O coordenador é gente/ o aluno é gente/

o professor é gente/cada funcionário é gente./

E a escola será cada vez melhor/ na medida em que cada um/

se comporta como colega, amigo, irmão./

Nada de ilha cercada de gente por todos os lados;/

Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir/

que não tem amizade a ninguém./

Nada de ser como um tijolo que forma a parede,/

indiferente, frio, só./

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,/

é também criar laços de amizade./ é criar ambiente de camaradagem,/

é conviver, é se amarrar nela./

Ora, é lógico,/ numa escola assim vai ser fácil/

estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se,/

ser livre.

Foi Paulo Freire, sem dúvida, um dos maiores pernambucanos, deixando na educação a sua marca.

  Nilzardo Carneiro Leão – Professor. Advogado. Do IAHGP. Da APL.

Folha de Pernambnco – 24.V.2017. 

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