Juiz de Brasília tentou ser Moro e virou vexame

Ao decretar o fechamento das portas do Instituto Lula, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, revelou-se um magistrado generoso. Num instante em que o ex-presidente petista coleciona dissabores, o doutor deu-lhe de presente, data venia, a oportunidade de obter uma vitória judicial. Na noite desta terça-feira, o desembargador Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, determinou, para gáudio de Lula, a reabertura da entidade.

A decisão não havia empolgado nem o Ministério Público Federal, que se abstivera de apoiar a suspensão das atividades do Instituto Lula. O juiz alegara que “há veementes indícios de delitos criminais que podem ter sido iniciados ou instigados naquele local.” Levando-se o raciocínio às últimas consequências, seria necessário fechar a Petrobras, as grandes empreiteiras e vários prédios de Brasília, pois tramaram-se nesses locais crimes em profusão.

Além de propiciar a Lula e aos seus advogados um instante de felicidade, o juiz Ricardo Leite rendeu homenagens ao colega Sergio Moro. Foi como se tivesse planejado meticulasamente o vexame, apenas para realçar o valor dos despachos proferidos na 13ª Vara Federal de Curitiba, a usina dos desgostos de Lula. O doutor talvez tenha aprendido que o impulso é essa coisa que o fígado dá ao ser humano para o cérebro desarmar.

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