No rastro do dinheiro: Visitas a endereços da delação

A concessionária Mercedes Benz MinasMáquinas, endereço onde Oswaldo Borges da Costa, tesoureiro de Aécio Neves, teria recebido propina da Odebrecht – Agência O Globo

Levantamento do GLOBO mostra que depoimentos também têm imprecisões

O Globo – Thiago Herdy, Alice Maciel, Gabriela Lara e Miguel Caballera

Visitas aos endereços citados por colaboradores da Odebrecht como lugares de pagamento de propina em espécie confirmam boa parte dos relatos feitos à Operação Lava-Jato. Levantamento do GLOBO feito a partir das planilhas do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira — responsável por fazer os repasses ilegais — mostra detalhes, e também algumas imprecisões, das informações prestadas por ex-funcionários da empresa.

O GLOBO visitou 20 endereços, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, citados como locais de pagamentos de propina da Odebrecht na última década. A lista inclui hotéis luxuosos, restaurantes, salas comerciais e escritórios de advocacia. Em mais da metade deles foi possível identificar, ainda hoje, vestígios de vínculo com os acusados.

Num desses locais, onde um representante do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), teria recebido R$ 1 milhão, funcionam três empresas ligadas a ele, no Centro Histórico de Porto Alegre. O GLOBO verificou que há um funcionário chamado Luciano, nome citado pelos delatores como responsável por receber valores.

Em Contagem (MG), Oswaldo Borges, tesoureiro de Aécio Neves (PSDB-MG), de fato despachava na concessionária Mercedes Benz citada pelo executivo Sérgio Neves. Num galpão nos fundos está a coleção de carros antigos mencionada pelo delator como visitada no dia em que levou R$ 500 mil para Borges. Procurado, não se manifestou.

Citado como emissário do filho de Dimas Fabiano — operador de propinas para o PSDB e o PP —, Anderson Luis Correa Marques mora em endereço de Belo Horizonte destacado como local de pagamento de R$ 3 milhões, em 12 parcelas. Ela já trabalhou na Assembleia de Minas, inclusive para Dimas Fabiano. O operador acusa delatores de “camuflarem doações feitas a outrem ou encobrirem desvios internos no âmbito da própria companhia”.

O hotel em São Paulo, no bairro Vila Olímpia, onde um emissário de Lindbergh Farias (PT-RJ) teria recebido propina funciona ao lado do escritório do marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha do petista ao Senado, em 2010. Duda é citado como beneficiário final dos pagamentos. Lindbergh nega a acusação, e o marqueteiro não quis se manifestar. Ex-presidente do Metrô na gestão Alckmin, Luiz Carlos David morou na mesma rua citada pelo delator Fábio Gandolfo, no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista, mas em número diferente. Ele também não se manifestou.

NA SUÍÇA, PISTAS DO DINHEIRO VIVO

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