Parecer do impeachment de Dilma foi submetido a Temer, diz Eduardo Cunha

Temer: processo teria sido aberto após PT votar contra Cunha

Ex-presidente da Câmara se manifestou por meio de carta

Michel Temer, ainda quando vice-presidente, em encontro com o então presidente da Câmara, Eduardo CunhaFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – 10.mar.2015

O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que o presidente Michel Temer não disse a “verdade” sobre o que teria acontecido em encontro realizado 2 dias antes da abertura do processo de afastamento de Dilma Rousseff.

Cunha se refere à fala de Temer em entrevista realizada no sábado (15.abr.2017). Conforme o ex-presidente da Câmara, o parecer do processo de impeachment da petista foi submetido, antes de sua abertura, a Temer.

Cunha está preso e se manifestou em carta escrita do próprio punho. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou a carta nesta 2ª feira (17.abr). Alvo da Lava Jato, o ex-deputado está no Complexo Médico Penal, em Pinhais.

A VERSÃO DE TEMER

O presidente afirmou que foi procurado por Cunha. E que o então presidente da Câmara teria dito que arquivaria todos os pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff. “Porque prometeram-me os 3 votos do PT no Conselho de Ética [para arquivar 1 processo contra Cunha].”

De acordo com o presidente Temer, o ex-deputado voltou atrás em sua decisão quando saiu a notícia de que o PT votaria contra ele na comissão.

A VERSÃO DE CUNHA

“O verdadeiro diálogo ocorrido sobre o impeachment com o então vice-presidente, às 14h da segunda-feira 30 de novembro de 2015, na varanda do Palácio do Jaburu, 48 horas antes da aceitação da abertura do processo de impeachment, foi submeter a ele o parecer preparado por advogados de confiança mútua, foi debatido e considerado por ele correto do ponto de vista jurídico.”

ENCONTRO COM ODEBRECHT

O presidente Temer também havia dito que o encontro com Marcelo Odebrecht, marcado por Cunha, foi para “aperto de mãos”. Enquanto o delator afiram que propina de US$ 40 milhões foi discutida na ocasião.

Em carta, Cunha diz que Temer se equivocou “nos detalhes”. Pois a reunião não teria sido combinada por ele, mas por Henrique Alves. “A conversa girou sobre a possibilidade de possível doação e não corresponde a verdade o depoimento do executivo [Odebrecht]”, afirmou.

ÍNTEGRA DA CARTA DE CUNHA:

“Com relação a entrevista do sr. Presidente da República à Rede Bandeirantes no último sábado, dia 15 de abril, repetida no domingo, tenho a esclarecer o que se segue:

Lamento que nesta data, onde se completa um ano da votação da abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, comandada por mim, tenha de vir a público desmentir o presidente que assumiu o cargo em decorrência desse processo.

Não existiu o diálogo descrito pelo presidente com relação aos fatos sobre o impeachment e o meu livro detalhará todos os fatos reais sobre o impeachment em ordem cronológica com farta comprovação.

O verdadeiro diálogo ocorrido sobre o impeachment com o então vice-presidente, às 14h da segunda-feira 30 de novembro de 2015, na varanda do Palácio do Jaburu, 48 horas antes da aceitação da abertura do processo de impeachment, foi submeter a ele o parecer preparado por advogados de confiança mútua, foi debatido e considerado por ele correto do ponto de vista jurídico.

Com relação a reunião com o Executivo da Odebrecht, o presidente se equivocou nos detalhes. A referida reunião não foi por mim marcada, embora tivesse tido várias outras reuniões sobre doações marcadas por mim. Nesse caso, o fato é que estava em São Paulo, juntamente com Henrique Alves e almoçamos os três juntos no restaurante Senzala, ao lado do escritório político dele após outra reunião e fomos convidados eu e o Henrique a participar dessa reunião já agendada diretamente com ele.

Efetivamente na referida reunião não se tratou de valores nem referência a qualquer contrato daquela empresa. A conversa girou sobre a possibilidade de possível doação e não corresponde a verdade o depoimento do executivo.”

poder360

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