“Prédia” permanece de pé, um ano após ter sido esvaziado

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Há exatamente um ano o edifício Monte Castelo, em rua do mesmo nome, na Boa Vista, foi esvaziado. Entrava na lista dos incontáveis pequenos residenciais destinados a virar pó para dar lugar a arranha-céus.

Eventos-despedidas foram feitos para homenagear o “prédio-documento” mais querido da área central da cidade.

Na época, o Antes que suma noticiou a condenação e sentença do Monte Castelo – derrubado para ser substituído por algum gigante espelhado, exatamente igual aos que existem em qualquer cidade grande do mundo.

Bom, um ano se passou, e o prédio está de pé. Vazio, mas de pé. A situação deixa claro que a construtora compradora, como tantas outras, está garantindo a reserva de mercado – um terreno valioso numa área central, no lado da Avenida Agamenon Magalhães.

Por muito tempo foi denominado de prédia” por um grupo de moradores-inquilinos geniais – atores, publicitários, cineastas – que viveu ali entre os anos 80 e 90.

O desaparecimento da prédia contribuirá para o cruel processo perda de memória da cidade. O Recife, aliás, tem a sua identidade roubada diariamente sem que o poder público consiga, de fato, consiga coibir essa ação nociva.

Pelo contrário. Movidos por interesses nem um pouco públicos, os dirigentes do Recife têm, convenientemente, fechado olhos para derrubada desenfreada de casas e de pequenos prédios residenciais, muitos dos quais com valor arquitetônico e cultural inquestionável.

O Monte Castelo foi erguido na primeira metade do século XX. É formado por dois blocos com térreo e mais dois pavimentos. São 12 apartamentos que, antes de o prédio ser vendido, pertenciam a um único dono, que, claro, não teve dificuldade de vender.

Charmoso e ambiente de histórias sensacionais, o prédio não teve o mesmo destino do Oceania, edificação-cenário do filme Aquarius, de Kléber Mendonça Filho. O Oceania, assim o fictício Aquarius, “escapou” das construtoras.

Na época em que notícia de seria esvaziado e derrubado surgiram manifestações de lamento, indignação, afeto e saudades antecipadas da prédia e de tudo o que ele representou.

Quem foi a um “sambinha na prédia” ou a um “São João na prédia” sabe bem o quanto o Monte Castelo significou para tanta gente.

Agora, um ano após, o edifício segue abandonado e esquecido. Uma situação triste, principalmente porque sabe-se que a sina do Monte Castelo já está escrita. 

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fonte:antesquesuma  —  Por Josué Nogueira

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