Jornalista é agredido por major da PM durante reintegração de posse em SP

VERGONHA

AÇÃO TRUCULENTA: AGRESSÃO   AOS DIREITOS HUMANOS

Vítima tentava registrar ocupação do MST em área pública em Ribeirão Preto.

Após cinco horas de ocupação, os integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) deixaram na tarde deste sábado (16) o Polo Regional de Pesquisa, área que pertence à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), em Ribeirão Preto (SP).Enquanto as famílias negociavam a saída do local, o jornalista e ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional Galeno Amorim, que registrava a ação, foi agredido pelo major Paulo Sérgio Fabbris, coordenador operacional do 51º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPMI).Em nota, a Polícia Militar informou que o jornalista invadiu a área de segurança e foi contido pelos agentes, que usaram de força moderada. “A instituição avalia que a ação foi legítima e que o Major Fabbris agiu corretamente dentro dos ditames da lei”, diz o comunicado.Também em nota, o governo de São Paulo condenou a invasão do Polo Regional, informando que nos últimos anos o local recebeu investimento de R$ 1 milhão. Na área são realizados estudos sobre doenças animais e de qualidade e beneficiamento de leite.O Jornal da EPTV flagrou o momento em que Amorim tenta se aproximar dos manifestantes, mas é barrado pelos policiais militares na entrada da fazenda. Ele inicia uma conversa com o major, que se exalta e o empurra.Em seguida, o jornalista é estrangulado e tem o braço torcido, antes de ser algemado e colocado à força dentro da viatura. Os integrantes do MST, que estavam do lado de dentro do Polo de Pesquisa, gritam na tentativa de impedir a ação.

“Eu estava tentando entrar, o policial falou que não podia e, de repente, veio o major e falou: ‘Sai daqui agora. Eu vou contar até três, se você não sair, está preso: um, dois, três. Ele me empurrou, me deu uma chave de pescoço, algemou e me colocou no camburão”, diz Amorim.O jornalista conta ainda que a viatura não foi diretamente para a Central de Flagrantes da Polícia Civil, mas ficou rodando pela cidade. Depois, quando chegaram à delegacia, ele afirma ter ficado uma hora trancado dentro do veículo, estacionado no sol.“Eu tentei argumentar, ‘comandante, sou jornalista há 40 anos, nunca tive dificuldade e problema nenhum em cobrir algo nessa vida’. Ele falou ‘não, você está me desacatando’. Eu nunca passei por isso”, conta Amorim, que também já foi secretário da Cultura de Ribeirão.

Desocupação

Um dos integrantes do MST, que se identificou apenas por Fred, diz cerca de 250 famílias ocuparam o local para estabelecer um acampamento, sob a justificativa de que a área está entre as 79 que o governo paulista pretende vender para reequilibrar as contas públicas.Fred afirma que os policiais militares agiram com violência e, mesmo sem um mandado de reintegração de posse, exigiram a saída das famílias. O grupo deixou o Polo de Pesquisa durante a tarde e não houve registro de confronto.“A polícia chegou e queria cumprir uma ordem de despejo por eles mesmo, sem uma ordem judicial. Foi bastante tensa a negociação. A polícia chegou e nos deu 15 minutos para sair, falando, inclusive, que se não saíssemos em 15 minutos, haveria violência”, relembra.


Grupo deixou o Polo Regional de Pesquisa após cinco horas de ocupação (Foto: Reprodução/EPTV)

Força moderada

Em nota, a PM informou que desde a manhã os policiais militares estavam posicionados em frente ao Polo Regional, aguardando o mandado de reintegração de posse, que foi expedido na tarde de sábado.“Em dado momento, desobedecendo à determinação legal do comandante da operação, o jornalista Galeno Amorim invadiu a área de segurança estipulada pela Instituição e, por isso, foi contido pelos agentes da lei, que usaram de força moderada para tal”, diz o comunicado.Ainda segundo a PM, Amorim foi conduzido ao Plantão Policial, onde foi registrado um boletim de ocorrência por desobediência. “A Instituição avalia que a ação foi legítima e que o major Fabbris agiu corretamente dentro dos ditames da lei”, conclui a nota.

Pesquisas científicas

O governo do Estado condenou a invasão e negou que a área será totalmente vendida, uma vez que no local são realizadas pesquisas sobre doenças animais e estudos de qualidade e beneficiamento de leite.“O artigo 5º do projeto [de lei 328/2016] prevê que as alienações preservem as atividades públicas em andamento e eventuais planos de expansão, não trazendo prejuízos a nenhum projeto”, diz a nota enviada pela administração.O Estado informou ainda que as portas dos laboratórios e da sede do Polo Regional de Pesquisa foram arrombadas pelos integrantes do MST e que materiais de pesquisa e estudos foram vandalizados pelo grupo.“Nos últimos anos o Polo teve investimento de R$ 1 milhão direto do Governo do Estado e da Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] para desenvolver as suas pesquisas que podem estar se perdendo por este ato”, informa o comunicado.

 

com informações do G1

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