Dentistas e enfermeiros decretam greve no Recife

Cerca de 300 dentistas da Prefeitura do Recife decretaram estado de greve em função do descaso da atual gestão para com a atenção básica da população. “A medida é uma alerta para uma possível deflagração de greve nos próximos dias”, esclarece o presidente do Sindicato dos Odontologistas no Estado de Pernambuco (Soepe), professor Ailton Coelho. Os enfermeiros, categoria que reúne 890 servidores, também decretaram estado de greve nesta manhã.Ontem centenas de profissionais da saúde, entre dentistas, médicos, enfermeiros, farmacêuticos e agentes comunitários de saúde, realizaram uma assembleia, em frente ao prédio da PCR, no Bairro do Recife, para denunciar as péssimas condições de trabalho nas Unidades de Saúde Família (USF), nas quais, segundo eles, falta todo tipo de insumos e medicamentos para o atendimento da população.

O ato também teve como objetivo formar uma comissão para discutir a pauta da saúde com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio. O chefe do executivo avisou que não receberia os manifestantes e delegou a missão ao secretário de Administração, Marconi Muzzio. As lideranças se recusaram a falar com o secretário alegando que veem se reunindo com o secretariado do prefeito Geraldo Júlio desde dezembro e nada avança na pauta da saúde.

Além das precárias condições de trabalho, os profissionais da saúde denunciam a oferta de 0% de reajuste salarial oferecida pela administração municipal. Os dentistas também decidiram em assembleia não receberem os estagiários dentro da atividade de preceptoria pela falta de condições das unidades e para não prejudicar a formação dos estudantes. Outra decisão da categoria é não aderir ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) e ao Programa Saúde na Escolar (PSE).

Segundo a assessora do Soepe, professora Roberta Souza, esses programas são incentivos, repassados por meio de verba federal, que em nada têm contribuído para melhorar as condições da atenção básica no Recife. Ela questiona a eficiência da gestão na aplicação dos recursos. Só PMAQ recebeu, em 2015, quase R$ 5 milhões para serem aplicados na melhoria das unidades de saúde. “Para onde vai essa verba se hoje a saúde no Recife vive um caos?”, questiona.

O cirurgião-dentista Luciano Beltrão, que trabalha na USF Luiz Wilson, na Bomba do Hemetério, relata que já passou quatro meses sem fazer uma restauração por falta de resina. “Sempre falta alguma coisa ou estamos com equipamentos essenciais quebrados, como o autoclave, que faz a esterelização de instrumentos”, relata o dentista.

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