CENTELHAS NO ROSTO DA TARDE
O tempo planta brasa no sereno
e deixa ferir centelhas no abraço
a canção escreve estrelas no vento
e faz o amor inflamado sem cansaço
Abro em mim o álbum da vida inteira
e nele, aninhado nas fotos enternecidas, teu rosto
carne de uma revelação à luz primeira
desenhando mistérios na linhagem, ao sol posto
onde a imagem sonda a magia carnal
quando pássaros vagam inquietos no cerrado da memória
espalhamos nos ares coroa de bem-te-vis, elos cristais
Abrindo as mãos à epopéia de acácias e corais
o amor em nós se derrama na várzea da história
esculpindo flor, sol, terra, chuva no rosto dos canaviais
FLAVIO RICARDO CHAVES