Atirando ao acaso

Carlos Brickmann

A atiradora não é das mais competentas, mas seu maior erro não é a falta de pontaria, e sim a escolha dos alvos. O PMDB é um partido de profissionais, especializado em ocupar suculentas fatias do poder. Quando amadores tentam dar cargos a profissionais, para conquistá-los, tudo pode acontecer, menos dar certo.

Não adianta atender a Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, porque fica faltando atender a Jader Barbalho, Sarney, uma faminta tropa de elite. Fica faltando atender à bancada de deputados e aos senadores. E a incompetência é tamanha que se aceitou entre os reivindicantes até um dente-de-leite, o deputado federal Leonardo Picciani, do PMDB do Rio, inexperiente mas já voraz.

É provável que nem juntando a ONU inteira seja possível atender a todas as reivindicações peemedebistas por bons cargos, com verbas abundantes e amplo espaço para nomeações. E não é só o PMDB: é preciso atender também ao PT, ao PP, pois só pixulecos não enchem barriga. E, claro, aos aliados do PCdoB, até agora fiéis; e aos “movimentos sociais”, aqueles que se apresentam como exércitos em defesa do que chamam de legalidade (ou seja, aquilo que os beneficia).

A falha é achar que não é preciso negociar, discutir, buscar pontos convergentes com os aliados: basta nomear e pronto. Certo, ninguém desse povo rejeita cargos, mas retribuir com apoio são outros, e muitos, quinhentos. A falha é da negocianta, que despreza os aliados e procura perder o mínimo possível de tempo com eles.

Em troca, os aliados perdem o mínimo possível de tempo com ela.

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