Setembro Amarelo: Por que homens resolvem tirar suas vidas?

Foto: Joe Roberts/Divulgação

“A vida é tão rara!”

Citando Lenine, eu resolvi dar a minha contribuição na campanha Setembro Amarelo nesta coluna. Talvez nunca se tenha ouvido falar tanto em suicídio como nos últimos dias. E isso não é um exagero. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 800 mil pessoas, no mundo, tiram suas vidas de forma premeditada. É quase que uma pessoa a cada 40 segundos. Triste realidade, né?! Os índices são maiores em países mais desenvolvidos, como é o caso da Austrália, que tem o suicídio como a maior causa de morte entre homens 15 a 44 anos. No Brasil, a situação também é alarmante. Estima-se que a cada hora, quatro pessoas tentam tirar as suas próprias vidas, sendo que somente uma delas consegue êxito, segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV).

As estatísticas também mostram que as taxas de suicídio entre os homens é quase que três vezes maior que a taxa feminina. Outro fato curioso é que homens acabam elegendo formas mais letais para tentar o suicídio. Eles costumam optar por caminhos mais definitivos. Enquanto as mulheres escolhem a ingestão de medicamentos, os homens recorrem às armas de fogo. Mas o que pode motivar homens a tentar tirar suas próprias vidas? A causa é mais antiga e conhecida do que se pode imaginar: o machismo.

A cultura de que o homem não chora e que não pode mostrar suas fraquezas ainda é um mal que afeta nosso dia a dia, e não podemos negar. Os próprios homens carregam essa herança e colocam esse peso sobre os ombros, e por isso, tem que demonstrar força e suportar todo o tipo de pressão. Homens não costumam pedir ajuda, mesmo quando não aguentam suas próprias fraquezas, para não se afirmar como um fracassado. Daí o caminho pode ser sem volta. O homem pode começar a abusar do álcool e de outras substâncias nocivas, passa a se isolar socialmente e ficar mais agressivo. A sensação de inutilidade, melancolia e a tendência a anular-se são tendências nessa fase e deve ser notada entre as pessoas próximas para evitar o pior. Percebida essa tomada de comportamento, a pessoa deveria ser encaminhada para profissionais especializados como psicoterapeutas para ensinar ou direcionar para um maior conhecimento próprio e emocional.

Momentos como o de instabilidade financeira, desemprego e demissões também fazem com que os homens pensem sobre os rumos da sua vida. A falta de dinheiro e o prover do lar, ainda que tenha a ajuda da sua parceira, é uma das causas mais marcantes no que se diz respeito a infelicidade e insucesso masculino. Quando não alcança o sucesso profissional e financeiro, o homem acaba não se moldando à aquela identidade construída de provedor e de trabalhador e acaba pensando em métodos para dar fim a agônicas e decepções de maneira brusca.

Não se deve tratar esse assunto como modismos ou algo banal. Precisamos estar atentos. As vezes nossos colegas e amigos estão passando por momentos difíceis e isso poderia ser evitado com uma conversa, uma atenção especial e conselhos de quem se importa. Quantas vidas podem ser salvas, quantas tristezas podem ser diluídas… o homem, mais do que nunca, precisa assumir suas fraquezas e trabalhar seus fracassos. É preciso chorar. É preciso assumir seus erros. Porque ninguém é de ferro. Todos têm fracassos, falhas, deslizes. E por mais que a vida seja difícil (e ninguém nunca disse que seria fácil), você precisa lutar, precisa querer vencer, não pode desistir. Se está passando por um problema, procure ajuda. Há um mundo de possibilidades que vão te ajudar a passar pelos problemas e ver aquela tão sonhada luz no fim do túnel. E, se for pra escolher, faça um favor a mim e a você: escolha a vida!

fonte: Versar – Por Guigo Fernandes

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