Geraldo Júlio, a grande obra é cuidar das construtoras

Por Noelia Brito

Observando o afã com que o prefeito Geraldo Júlio tem se movimentado para neutralizar concorrentes potencialmente fortes, numa eventual disputa a sua sucessão, percebe-se claramente que o próprio Geraldo tem consciência de suas limitações e fragilidades, como concorrente à reeleição, diante de oponentes como João Paulo, do PT e Daniel Coelho, do PSDB, por exemplo.

É que mesmo aboletado na cadeira de prefeito, o que em si já seria uma grande vantagem, não fosse a grave situação financeira em que se encontra a Prefeitura do Recife, o prefeito, pessoalmente, não conta com o carisma e o apelo popular de um João Paulo, que deixou a prefeitura com altos índices de aprovação, principalmente na periferia da cidade, nem conta, também, com a jovialidade de Daniel Coelho, que apesar de ser um candidato que carrega o peso de seu partido, consegue deste se deslocar, num cenário em que a cultura eleitoral privilegia muito mais as pessoas que as agremiações partidárias.

Geraldo Júlio até hoje é visto como uma criatura que não se criou, que não foi capaz de andar com suas próprias pernas. Geraldo é uma espécie de comandante de uma nau à deriva, levada ao sabor dos ventos que o marketing oficial sopra.

Um marketing que, aliás, sequer foi capaz de firmar uma marca para a pífia gestão socialista à frente da Prefeitura do Recife, prefeitura esta cuja gestão pretendeu ser verdadeira vitrine do Partido para o resto do País.

A austeridade e a eficiência inicialmente apregoadas se transformaram num “mais do mesmo”, com o aparelhamento da máquina municipal por milhares de cargos comissionados, temporários e terceirizados sendo ocupados por apadrinhados políticos do prefeito e de seus aliados, sejam eles vereadores, suplentes de vereadores, líderes comunitários e até oposicionistas cooptados, desde que necessários a garantirem um discurso uníssono em defesa do prefeito e dos interesses daqueles com quem Geraldo Júlio está comprometido.

O capacete amarelo, símbolo do prefeito empreendedor que Geraldo Júlio se propunha a ser, hoje adquiriu um outro significado diante da inexistência de obras públicas marcantes na gestão Geraldo Júlio, pois, dominado por compromissos irresistíveis, colocou sua gestão totalmente a serviço da implantação de empreendimentos privados, cujo maior exemplo é o Novo Recife. Quanta energia da gestão, da Secretaria de Assuntos Jurídicos, por exemplo, que deveria ter sido despendida em ações de desapropriações de imóveis para construções de habitacionais, como os destinados às vítimas dos sucessivos incêndios que vitimaram os moradores das comunidades carentes do Recife e que em vez disso ficaram diuturnamente dedicados, por ordem do prefeito, à defesa do licenciamento de um empreendimento privado como o Novo Recife?

O capacete de Geraldo Júlio, que até hoje usa a expressão “@UmNovoRecife” como “username” em sua conta no Twitter, longe de representar obras públicas úteis a toda a população, representa, isso sim, todos os licenciamentos de empreendimentos privados que foram autorizados por sua gestão, simbolicamente representados pelo já referido “Novo Recife”, de modo que não seria surpresa para ninguém se feita uma pesquisa entre os recifenses, se chegasse à conclusão de que a marca, o legado da gestão Geraldo Júlio fosse a aprovação do empreendimento Novo Recife, a verticalização da cidade, mas, infelizmente, em hipótese nenhuma, Geraldo Júlio entrará para a história, por ter transformado nossa cidade em um novo Recife, em uma nova cidade com uma outra qualidade de vida para os recifenses, o que só seria possível por força de transformações sociais que um governo focado exclusivamente na construção de espigões e no atendimento dos interesses das grandes construtoras e do clientelismo mais rasteiro, jamais poderia realizar.

Diante do fracasso social que está sendo a gestão Geraldo Júlio, que deixa de nomear concursados para a área de Educação, mas não deixa de assinar contratos milionários e sem licitação com empresas fornecedoras de programas de computador sem ter os computadores nas escolas onde instalá-los, nada mais lhe resta que eliminar todo e qualquer concorrente de peso, de modo a garantir sua reeleição por “WO”. Para tanto, usa os artifícios que restam aos desesperados. De um lado maneja para colocar seu mais forte oponente em situação de inelegibilidade, de outro lado, coopta elementos do partido do adversário, para que aquele fique sem legenda para a disputa e assim, Geraldo Júlio vai fazendo o único jogo que resta a quem nunca soube conquistar nada por méritos próprios, porque sempre cresceu à sombra de seu criador que partiu deixando um projeto inacabado de sucessor que de tão imperfeito e prematuro não consegue dar dois passos sem tropeçar nas próprias pernas.

 

fonte:blognoeliabrito

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