A Arena e a Terra do Nunca

  * José Adalberto Ribeiro

RIBEIROLÂNDIA – K. D. o legado da Copa? Cadê a Cidade da Copa em São Lourenço da Mata?
A Cidade da Copa hoje é “Neverland”, a Terra do Nunca, onde habitava o genial Michael Jackson, aquele negrinho abençoado por Zeus e bonito por natureza.
Eu sou estrábico, zarolho, instalação trocada, assim me chamavam os meninos meus comparsas quando a gente roubava mangas nos quintais da vizinhança (há muito tempo encerrei minha carreira artística nesse ofício, fui proibido de roubar por ordem do cardiologista. Dirceu disse que roubava Hóstia Consagrada quando era coroinha, continuou no ofício até chegar ao Mensalão).
Ó Dr. Alvacir Fox, dizei-me: o estrabismo ideológico impede a visão do legado da Copa da Fifa, o Lego da Copa? Qual o legado, além da goleada de 7 a 1?
Olhai o elefante azul e branco da Arena de Pernambuco! Os caboclos mamadores não fiam nem tecem, mas através de um contrato de parceria público-privada os contribuintes estão obrigados a injetar este ano mais de 90 milhões de denários para fazer a manutenção dos gramados. Segura o rojão, são 30 anos de contrato.
Os gramados são tratados a pão de ló, com shampoo, desodorante, mega hair, óleo de peroba. Faz parte do padrão Fifa-PE, um gramado pra cavalo nenhum botar defeito. Se eu fosse um cavalo batizado adoraria relinchar naqueles gramados e degustar um pouquinho a grama milionária. Relinchar é preciso.
Lembro-me como se fosse anteontem quando falavam na maravilhosa minicidade da copa que iria florescer em São Lourenço do Mata. Seria uma “smart city”, cidade inteligente, oh yeah! Fiquei sonhando com o prometido campus universitário, hotéis, centro de convenções, shopping, área residencial. Mas foram apenas miragens nos desertos de São Lourenço da Mata. A gente somos otários.
O elefante azul e branco virou um estorvo para Pernambuco. Não tem dinheiro para construir o Arco do Triunfo Metropolitano nem para restaurar a BR 101, nem para expandir o metrô. Mas fabricaram 600 milhões para erguer aquele monstrengo inútil que todo ano sangra os cofres públicos em 80 ou 90 milhões de denários. Além de já ter recebido uma montanha de dinheiro, a construtora poderá ainda receber de doação, na bandeja, um terreno de 200 hectares.
As prefeituras não têm dinheiro para implantar aterros sanitários, mas haverá sempre muita grana para iluminar as farras milionárias dos réveillons e os shows da gandaia. Estas são visões daltônicas, como diria o Dr. Fox.
Alguém poderá dizer que este é assunto antigo ou requentado. É atualíssimo. Tá na mesa do gov Paulo Câmara e do vice Raul Henry. São 30 anos no lombo do contribuinte. Antigo é o time da Vovozinha.
Mudando de tema, o que dizer do Petrolão? Trata-se de um caso de descolamento da retina moral. Não tem colírio que dê jeito, segundo o Dr. Fox.
Cessem tudo que as antigas musas cantam, aquelas bondades e zero IPI e isenções fiscais. Levy, o homem-tesoura, podou 57 bilhões do Orçamento dos ministérios. Até o PAC, a menina dos olhos da Madre Superiora, entrou na roda, com menos 19 bi na algibeira.
Se os secretários ou prefeitos querem fazer média com eleitores, passear de avião e degustar periguetes nas noites brasilienses, não venham tirar onda de liberar recursos. Isto são fantasias, só existem na linha do horizonte.
O papaizinho aqui nem de Arena eu gosto, sempre votei no MDB. Happy — As canções de Michael Jackson em Neverland são meu colírio.

* Jornalista

 

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