Congresso vive uma espécie de surto “pilântrico”

Josias de Souza

À espera da divulgação do conteúdo da delação da Odebrecht, que deve encrencar duas centenas de políticos, o Congresso Nacional, já acomodado na UTI, vive uma espécie de surto pilântrico. Alguns congressistas entraram em convulsão. Tentam colocar em pauta uma série de propostas que atentam contra a moralidade. A lista é longa: anistia para o caixa dois; flexibilização dos acordos de leniência, com extinção de penas para executivos de empresas corruptas; debate oportunista sobre a lei de abuso de autoridade, para constranger procuradores e juízes; nova rodada de repatriação do dinheiro enviado para o exterior ilegalmente… É como se o Congresso tivesse perdido os sentidos.

Para desassossego da sociedade, esses projetos são impulsionados por deputados e senadores engolfados pela onda de corrupção que infelicita o Brasil. Eles são governistas. E sua movimentação é estimulada nos porões de Brasília pelo Palácio do Planalto, também ocupado por alvos da Lava Jato. Ironicamente, a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal são co-responsáveis, já que demoram a processar, julgar e retirar de cena os políticos que dão ao Congresso uma aparência de Unidade de Terapia Intensiva.

Entre os congressistas que agem como se estivessem fora de si há figuras conhecidas. Gente como Renan Calheiros —presidente do Senado, alvo de uma denúncia e 11 inquéritos no STF— e André Moura –líder do governo Temer na Câmara e réu em três ações penais no STF. Renan quer punir o abuso de autoridade. Moura quer facilitar a vida de empresas corruptas e seus executivos. Uma particularidade une a dupla e seus assemelhados. Todos se declaram a favor da Lava Jato e do combate à corrupção. Cospem, por assim dizer, num prato em que já não conseguem comer.

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